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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Um convite ao silêncio

É como se um imenso "psiu!" precisasse ecoar pelos quatro cantos do planeta. Ecoar não, cair mesmo: descer um pedido de silêncio sobre o burburinho incessante e atordoante que nos envolve a todos como um zumbido de fundo constante, irritante.
Constatação: vivemos num mundo barulhento, excessivamente barulhento. Deriva daí um obstáculo para viver ritmos de vida mais saudáveis e harmonicamente equilibrados. Quando se trata de tarefas e questões de natureza esotérica, quando a exigência de silêncio é imprescindível, aí então o problema se maximiza. Como respirar - em sentido místico - mais tranqüilo, como sossegar angústias metafísicas, como encontrar a pulsação correta dos desafios espirituais, se estamos num ambiente enlouquecido por ruídos, desesperadamente tumultuado o tempo todo?
Certas coisas não apenas pedem silêncio, mais do que requerer elas não se desdobram se ele não for alcançado. Silêncio em certos contextos não é um luxo ou complemento ideal, é condição absolutamente necessária, indispensável para que o ser humano possa ouvir-se, perscrutar seus mais íntimos rumores, discretos, reservados, que não se avultam.
Para esse tipo de exercício espiritual, a atmosfera limpa vai ficando cada vez mais difícil de ser obtida. Dia e noite na grande cidade a vozearia se mistura às buzinas, música por todos os lados, sonoridade borbulhante de conglomerado agitadiço: celulares, videogames, bipes de todo tipo - uma rebelião das máquinas digitais de altos decibéis.
Meditar, dialogar com porções profundas do ser, nessas circunstâncias? Difícil. Nosso cotidiano orientado para o barulho promove ativamente o estresse, aumenta o enervamento, enfraquece o aquietamento, conspira contra, deteriora e esgota as possibilidades de manter uma atitude tranqüila, tranqüilizada e tranqüilizadora.
Silêncio para treinar o desapego das coisas concretas e o desapego do ego. Silêncio para espantar vãos pensamentos, raivas e rancores. Silêncio para embasar bons julgamentos e boa coragem. Silêncio para tratar com misericórdia os azedumes e as vaidades. Silêncio para abaixar os exageros e enfraquecer as ansiedades e anseios assombrados. Silêncio para consolar, libertar, pensar, encontrar as capacidades. Silêncio, enfim, para tocar sobre esse lindo fundo branco a multicolorida música da alma.
Mais do que um elogio do silêncio, é preciso organizar uma cruzada. A experiência do silêncio precisa ser preservada, ela é proveitosa e bastante fértil. Silêncio indispensável para ver distintamente caminhos possíveis, para a pessoa trabalhar em si própria, examinar a consciência, encontrar caminhos e assumir mudanças.
Marina Gold/Especial para o Terra
Fonte: Esse texto foi tirado do endereço:
http://www.terra.com.br/cgi-bin/index_frame/esoterico/marina/visao/2009/01/26/000.htm